Há pouco mais de um ano para as eleições municipais de 2020, já pode se dizer que o quadro eleitoral da disputa para o cargo de prefeito da cidade de Cícero Dantas (BA) já começa a ser desenhado, ainda que faltem várias definições e reviravoltas possam vir a ocorrer. Depois de Toinho Contador e João Almeida anunciarem as suas pré-candidaturas à eleição majoritária do próximo ano, o empresário do segmento de alimentação Victor Maia Reis anunciou nos últimos dias, a pretensão de concorrer ao pleito.

Soteropolitano e residente em Cícero Dantas desde 2008, onde constituiu família, Victor tem 37 anos é proprietário de uma distribuidora e de duas empresas comerciais no mesmo segmento, e declarou apoio aos últimos três candidatos vencedores da eleição para prefeito na cidade.

Hoje, no entanto, ele afirma que das últimas três gestões da cidade (que ele acompanhou), não foram obtidos grandes avanços em nenhuma área do município, “talvez por incompetência e falta de gestão, ou por descaso com o dinheiro público”.

Para Victor, os governantes da cidade pararam no tempo e a cidade não consegue acompanhar as mudanças tecnológicas dos últimos anos: “a cidade está 20 anos atrasada em relação às circunvizinhas”. Presidente do Podemos municipal, ele quer associar a sua pré-candidatura a ideia de mudança e acredita que as opções tradicionais pelos grupos dos Gaviões ou dos Jacus já estão desgastadas e cansaram a população.

Victor recebeu a reportagem do Sertão em Pauta, em seu escritório, para uma conversa sobre como surgiu a ideia da pré-candidatura e em quê ela se difere dos tradicionais grupos políticos locais.

Confira a entrevista, a seguir:

Para o senhor, Cícero Dantas está 20 anos atrasada em relação a outras cidades da região. Em que se baseia para fazer essa afirmação?

Eu falo em termos de gestão, nos últimos dez anos, ela não teve avanço nenhum. Falo também do ponto de vista político, comercial e da infraestrutura necessária para uma cidade andar no século XXI. Quando cheguei aqui em 2008, a primeira impressão que ficou foi de que Cícero Dantas estava dez anos atrasada em relação às outras cidades da região., como Ribeira do Pombal e Fátima, que possui um porte menor. E dez anos depois, eu afirmo que hoje está há 20 anos atrasada. Não houveram grandes avanços; no pensamento político e na parte administrativa , eu não vi nada de novo. A cidade está defasada, parou no tempo.

Como surgiu a ideia da pré-candidatura. O senhor tem base política para lançar seu nome em uma candidatura viável?

Partiu justamente disso, nas últimas três gestões, eu não vi nenhum grande avanço. Em cima disso, conversando com meus amigos políticos em Salvador e até de outras cidade, recebi a sugestão de lançar a minha candidatura, e isso me despertou, pois eu apoiei todos eles, seja através de palanque, apoio financeiro ou de nossa empresa. Mas, desta vez eu decidi que não vou servir de escada para ninguém, vou lançar meu nome. Ainda não é o momento para se discutir sobre isso, mas vou dar a oportunidade para Cícero Dantas mudar; de sair dessa linha de que só pode ser Jacu ou Gavião. Me dou bem com os dois grupos, só não compactuar e aceitar a forma como a cidade está sendo conduzida.

E a estrutura partidária para ter uma candidatura forte? O senhor acha que vai ter?

A estrutura (…) o partido já dá por só. Uma pergunta que muita gente me faz é sobre qual será o meu grupo político dentro da cidade, e eu digo que o grupo que eu mais desejo ao meu lado, sinceramente, é o povo. Eu não quero fazer aliança para ganhar eleição a qualquer custo, não vou lotear prefeitura, nem quero pegar dinheiro emprestado para disputar eleição ou prometer o que não posso fazer. Vou fazer o que estiver ao alcance do município e procurar fazer como faço nas minhas empresas, porém, sem visar lucro, porque quando se administra uma empresa o objetivo é garantir lucros, e no caso de uma prefeitura você tem que visar o bem estar da população, tentando enxugar ao máximo possível, certos privilégios. Então, o grupo que me interessa é o povo, pois se for para vender a prefeitura, eu prefiro ter apenas um voto, o meu mesmo.

O senhor fala que não quer administrar a cidade como uma empresa, pois os objetivos para as duas são distintos. Acredita que a sua experiência como empresário pode contribuir para uma gestão municipal bem sucedida?

Eu fui, durante seis anos, presidente da Associação dos Fornecedores de Alimentos do Governo do Estado da Bahia, chegamos a ser o maior fornecedor da linha de merendas da Bahia, abastecendo 30 municípios. E eu via de perto, o que era a necessidade de uma criança ir para a escola (…) muitas delas não tinham o alimento da manhã, saíam com fome e esperava a hora da merenda, porque aquela era a única refeição. Então, experiência com serviço público eu tive nesse sentido. Isso marca a pessoa, eu conheci o que é passar fome, ter necessidade daquele alimento e ter o compromisso de entregar a merenda escolar nas cidades.

Para finalizar, o senhor acredita que o seu discurso de uma nova administração pública, não focada em fornecer postos de trabalho para apoiadores e eleitores, vai ser compreendido e aceito pela população?

É essa a minha proposta, porque hoje em dia com tanta informação na palma da mão, disponível para a sociedade, e com as dores sentidas no dia a dia de não ter emprego, de não ter o remédio ou a vaga disponível no hospital, sem falar na mãe que precisa trabalhar e não tem onde deixar o seu filho (…) Cícero Dantas nunca teve, para facilitar o entendimento, essa terceira via, uma oportunidade de dizer que tem outra opção. É tipo uma partida de futebol , ou Bahia ou Vitória. Então, você jogar os problemas da cidade para duas torcidas não é o caminho.